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Reunindo artesãos, empresários que utilizam o trabalho manual como inovação em suas produções e com as presenças de Ticiane Gomes, representando a Ceart, Márcia Noronha, secretária de Trabalho e Desenvolvimento de Tauá e dos diretores Superintendente, Joaquim Cartaxo, Técnico, Alci Porto e Reginaldo Lobo, de Administração e Finanças, o Sebrae/CE comemorou, na última quinta-feira, 21/03, o Dia do Artesão.
Na abertura do evento, o superintendente Joaquim Cartaxo ressaltou que é muito comum as pessoas ficarem tão apaixonadas pelas peças artesanais que esquecem quem as produziu: o artesão. “Além de da sua própria forma de expressão, o trabalho do artesão preserva a identidade cultural da sua terra e da sua gente, agregando o valor de transmitir a tradição de geração para geração”, explicou. Em sua participação, fez questão de enfatizar que é justamente essa herança que está cada vez mais difícil de ser concretizada, principalmente porque o ofício não tem tido atrativo financeiro para as novas gerações.
-Esse trabalho precisa ser valorizado para que haja interesse de continuidade das novas gerações. Se esse reconhecimento financeiro não acontecer, qual o jovem que vai querer aprender as técnicas dos trabalhos manuais para preservar a tradição se é difícil sobreviver com o que ganham? ”, indagou.
A presidente da Fecarce- Federação das Cooperativas e Associações de Artesãos do Ceará, Angelice Custódio concordou e ressaltou que, se não fosse o Sebrae/CE, com os cursos e capacitações, os artesãos cearenses estariam ainda com mais dificuldades.
Na sequência, o diretor técnico do Sebrae/CE, Alci Porto, homenageou a artesã Dona Bia, 85 anos, Mestre Artesã Labirinteira da Praia de Majorlâdia, no município de Aracati, e que tem sido responsável pela valorização do labirinto no Estado. Ele contou que conheceu Dona Bia ainda menino e reforçou, também, que os artesãos precisam de um tratamento diferenciado. “São 39 mil artesão cadastrados na Ceart. E os que não participam de cooperativas e associação? Como eles estão sobrevivendo, tendo que pagar imposto de 17% sobre o preço de suas peças?”
Admitindo a importância do trabalho da Ceart e do Governo do Estado no apoio ao artesão, ele esclareceu que, mesmo reconhecendo esses esforços, a situação ainda é difícil para os artesãos. E contou que está junto ao deputado federal e presidente da Fecomércio/CE, Luiz Gastão Bittencourt, tentando um projeto de lei que resolva essa desigualdade. “A ideia é tratar esses coletivos produtivos de uma forma diferenciada, como acontece hoje com o MEI”, explicou.
RODA DE CONVERSA
Em seguida, as empresárias Thaty Rabelo, da Thaty Rabelo Brand, e Celina Hissa, da Catarina Mina, reuniram-se à Angelice Custódio, da Fecarce, e discutiram as várias possibilidades de releituras para o artesanato cearense que elas vêm usando.
Celina Hissa explicou que a marca Catarina Mina, que mistura inovação e artesanato, hoje exporta e faz um enorme sucesso no Exterior. “A convivência com as artesãs nos trouxe um novo aprendizado e uma nova visão que aprimorou o nosso trabalho”.
Já Thaty Rabelo, da TR Brand, reconhecida como a Rainha do Jeans, usa em suas peças, pedaços de rendas e demais tipologias de artesanato já descartadas. “Faço um reaproveitamento, inclusive valorizando grafites e pedaços das mais variadas rendas. “O que faço é reaproveitar o descarte, investindo na sustentabilidade”.
Angelice Custódio, por sua vez, passou para a plateia a forma como vê o mercado. “Não gosto quando se referem à figura do atravessador, que é quem comercializa as peças. Eles precisam ser reconhecidos como parceiros. Quero que eles ganhem muito, para nós continuarmos a ganhar, também”. Ao final, todas receberam buquês de palha de bananeira confeccionados pelas artesãs da Comunidade Pé de Ladeira, de Guaramiranga.
O evento teve, ainda, o lançamento da nova marca do Artesanato do Sebrae/CE e do Programa Estadual de Artesanato do Sebrae/CE, além das presenças do articulador da Unidade de Competitividade do Sebrae/CE, Sílvio Barbosa, e dos articuladores regionais do Litoral Oeste, Jacob Bandeira, e do Litoral Leste, Ana Carla Luna.
Ao final, a gestora estadual de Economia Criativa do Sebrae/CE, Cattleya Guedes, fez a apresentação do novo Programa que tem como objetivo, estimular a melhoria do artesanato do Estado, no que tange à qualidade dos produtos e a capacidade de gestão de processos – da criação à comercialização – bem como na forma de se diferenciar como produto sustentável em seus aspectos sociais, ambientais, culturais e econômicos.
