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Com o apoio do Sebrae/CE o INPI reconhece IG para o mel de aroeira dos Inhamuns (CE)

De acordo com dados do IBGE, em 2019, o Ceará atingiu 16,99% da produção de mel do país, sendo grande parte dessa produção originária dos Inhamuns.
Por Redação
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O INPI publicou, na Revista da Propriedade Industrial (RPI) de hoje, 11 de março de 2025, o reconhecimento da Indicação Geográfica (IG), na espécie Indicação de Procedência (IP), para a região dos Inhamuns (CE), como produtora do mel de aroeira. Com essa concessão, o INPI chega a 140 IGs reconhecidas no Brasil, sendo 101 IPs (todas nacionais) e 39 Denominações de Origem – DOs (29 nacionais e 10 estrangeiras).

A certificação é um reconhecimento ao compromisso dos produtores locais com tradição, qualidade e sustentabilidade no cultivo do produto e é, também, resultado de um trabalho desenvolvido pelo Sebrae/CE, que desde 2020 vem atuando na identificação de culturas, produtos e práticas características das regiões cearenses e ajudando produtores e artesãos destas regiões no processo necessário para a obtenção de selos de IG.

Além do Mel da Aroeira dos Inhamuns e do algodão dos Inhamuns, do artesanato de filé do Jaguaribe e da cachaça de Viçosa do Ceará, que já obtiveram a certificação do INPI, o Sebrae/CE também está apoiando o processo de certificação do Queijo Coalho, do Jaguaribe; da Fibra do Croá, de Pindoguaba em Tianguá; da renda de Bilro de Aquiraz, do artesanato em cerâmica, de Comunidade da Alegria em Ipu; do Café do Maciço de Baturité; e das Facas produzidas em Potengi.

MEL DA AROEIRA

De acordo com a documentação apresentada ao INPI, o mel de aroeira dos Inhamuns é produzido no período de estiagem, quando há escassez de flores disponíveis para que as abelhas se alimentem e possam produzir seu mel.

Como a estiagem não afeta a florada da árvore de aroeira, nesse período, suas flores permanecem disponíveis às abelhas, o que permite a produção de um mel monofloral mais puro, com maior consistência quando comparada com outras floradas, e coloração âmbar mais escurecida, com elevados níveis de compostos fenólicos, sendo um mel que não cristaliza.

Segundo o Censo Agropecuário de 2017, 94% dos estabelecimentos com apicultura no Nordeste estão no semiárido, mais especificamente nos estados do Piauí, Bahia e Ceará, com destaque para os Inhamuns. De acordo com dados do IBGE, em 2019, o Ceará atingiu 16,99% da produção de mel do país, sendo grande parte dessa produção originária dos Inhamuns.

Precedentes históricos

Historicamente, o trabalho com o mel na região data, pelo menos, da década de 1980. No entanto, há relatos que apontam para a produção antes mesmo desse período, na época em que o mel de abelha era o adoçante do qual dispunham os sertanejos dos Inhamuns.

A partir de 2001, o trabalho com as abelhas africanizadas foi estabelecido como uma atividade econômica fundamental para toda a região. Nessa época, a apicultura trazia o avanço que viria a se desdobrar nos anos seguintes, apoiada pelo Sebrae/CE, por meio de investimentos em programas que alavancaram a produção de mel.

Exportação

Esse desenvolvimento estimulou a expansão da venda do produto não apenas localmente, mas também nas regiões próximas, em vários estados do Brasil e no exterior. No mercado nacional, as regiões Sul e Sudeste são os principais destinos do mel. No exterior, a venda mais frequente é para o mercado europeu, com exportações para países como Suécia, Alemanha e França.

Portanto, fica evidente que há uma relação forte entre a fama dos Inhamuns e a produção do mel de aroeira, que garante o sustento de várias famílias ligadas à apicultura e fortalece uma cadeia produtiva que movimenta a região como um todo.

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