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Com IEL/CE, Sebrae e Sindroupas, moda cearense busca inspiração em polos inovadores do país

Segundo o presidente do Sindroupas, o grupo pode observar, na prática, como a união do poder público com o setor privado gera impactos positivos, acelerando o desenvolvimento econômico.
Por Redação
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O Instituto Euvaldo Lodi (IEL Ceará), em parceria com o Sebrae e o Sindroupas, promoveu de 27 de abril a 3 de maio, missão técnica estratégica a cidades do Rio de Janeiro e de Pernambuco com o objetivo de prospectar ecossistemas, tecnologias e experiências bem-sucedidas, capazes de contribuir diretamente para a construção de um ambiente de inovação da moda cearense.

A iniciativa é mais uma ação do projeto Moda Avante e teve a participação de 13 representantes de empresas de pequeno porte do setor, além do diretor de negócios da Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece), Rafael Branco, da gerente de desenvolvimento regional e municipal da Adece, Darcyla Lima, do especialista em inovação do IEL Ceará, Fábio Braga, do head do HUB de Inovação do IEL Ceará, Moésio Bastos, e do gerente da unidade de negócios do SENAI Ceará, Enzo Rissi.

A ideia da missão era conectar empresários cearenses, representantes da ADECE e do poder público com ambientes de referência em inovação, tecnologia e desenvolvimento produtivo nos polos do Rio de Janeiro e Pernambuco para buscar inspirações e modelos práticos que ajudem a fortalecer a indústria da moda no Ceará, criando novas oportunidades para parcerias estratégicas e transferência de boas práticas.

Com uma programação intensa voltada para a vivência em inovação, benchmarking e desenvolvimento estratégico do setor, a missão foi dividida em duas etapas. A primeira, no Rio de Janeiro, começou com a participação das empresas no Web Summit Rio, um dos maiores eventos de tecnologia e inovação do mundo, que buscou refletir sobre os principais dilemas e tendências globais de tecnologia e negócios. O ponto alto do Web Summit Rio foi a conexão direta com soluções inovadoras, especialmente no estande do ambiente suíço de inovação. “Além disso, tivemos participação ativa das empresas em jornadas sobre marketing digital, o que contribuiu muito para a ampliação de repertório dos participantes. O evento ampliou os horizontes e conexão nacional e internacional para inovação”, relatou Fábio Braga.

Além do evento, o grupo visitou a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN) e o SENAI CETIQT, referência nacional em formação e desenvolvimento para a cadeia têxtil. O analista do SENAI CETIQT, Rafael Rocha, conduziu a visita e apresentou os laboratórios e projetos desenvolvidos pela instituição, que vão desde a produção de novas fibras até a aplicação de tecnologias de ponta. De acordo com ele, o encontro foi extremamente produtivo. “Ficou muito claro que o setor têxtil, de confecção e moda, incluindo o estado do Ceará, tem força e está buscando soluções cada vez mais inovadoras e sustentáveis para toda a cadeia”, afirmou.

Rafael também destacou a relevância do Ceará para o setor e a importância de fortalecer as conexões entre as instituições do Sistema S. “Nós sabemos a importância do Ceará e de todo o Nordeste para o nosso segmento. Trabalhar em rede é fundamental para avançarmos, e estamos muito animados com essa parceria”, declarou. Segundo ele, a união entre indústria, governo e sindicatos é essencial para impulsionar o desenvolvimento do setor.

“Em nome da Firjan, fica o nosso muito obrigado. Estamos prontos para seguir juntos nessa jornada”, finalizou.
Na opinião do presidente do Sindroupas, o que mais impressionou na visita à FIRJAN foi a variedade e a qualidade das soluções tecnológicas e inovadoras específicas para o setor têxtil e de moda apresentadas. “Vimos tecnologias que poderiam ser rapidamente aplicadas às empresas cearenses por meio de parcerias institucionais”, refletiu.

Já a empresária Bárbara Albuquerque enfatizou que, na visita, ela pôde ver a sustentabilidade aplicada de forma concreta e viável na indústria. Bárbara ressaltou que, diferentemente dos discursos abstratos, ali foi possível compreender como práticas sustentáveis podem ser escaláveis e economicamente viáveis, gerando impacto real e duradouro. Ela ficou particularmente impressionada com o uso de fibras tecnológicas e recicladas e com a integração entre diferentes setores industriais para promover uma economia circular, que beneficie tanto o mercado quanto o meio ambiente.

De volta ao Ceará, a empresária contou que já começou a aplicar imediatamente os aprendizados da missão de forma prática, desenvolvendo planos voltados para o uso de inteligência artificial e fibras sustentáveis em sua confecção. Para ela, disseminar esse conhecimento entre outros empresários também faz parte do compromisso com o fortalecimento da indústria local.

Pernambuco

A segunda etapa da missão teve como foco os polos produtivos de Caruaru, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe, em Pernambuco — regiões conhecidas nacionalmente pela expressividade na produção de confecção. A agenda incluiu visitas técnicas a fábricas nas duas cidades para conhecer processos e networking, além do Festival do Jeans de Toritama, um grande evento que reúne desfiles, shows, exposições e negócios.

Segundo o presidente do Sindroupas, o grupo pode observar, na prática, como a união do poder público com o setor privado gera impactos positivos, acelerando o desenvolvimento econômico. “A interação entre os empresários locais e as autoridades garante eficiência, agilidade produtiva e um ambiente favorável ao crescimento das empresas. Também aprendemos sobre a dinâmica operacional do Moda Center, em Santa Cruz do Capibaribe, um dos maiores centros atacadistas de confecção do Brasil, com insights relevantes para aplicar no Ceará”, frisou.

Um dos pontos altos da missão em Pernambuco foi a visita ao Armazém da Criatividade, em Caruaru, espaço do Porto Digital que conecta startups, indústria e economia criativa. O empreendimento é uma vitrine de como o empreendedorismo aliado à inovação gera empregos, renda e desenvolvimento regional.

Para o diretor afirmou ainda que, a partir das visitas realizadas, a Adece já articula a implantação de projetos-piloto em três municípios cearenses com vocação produtiva voltada ao segmento. A proposta é fomentar uma cultura organizacional colaborativa, baseada em tecnologia, inovação, pesquisa e capacitação.

“Já estamos trabalhando na perspectiva de desenvolver trabalhos pilotos com três municípios cearenses voltados para o setor do jeans”, adiantou Rafael Branco. “Queremos fomentar uma cultura organizacional compartilhada entre os produtores, baseada em tecnologia, inovação, pesquisa e capacitação.” Segundo ele, o cenário atual ainda é de desarticulação. “O que percebemos são vários municípios com potencial produtivo para os setores têxtil e de confecção trabalhando de forma isolada, sem o estabelecimento de uma cadeia vocacional e agindo de forma desorganizada.”

Moda Avante

Segundo o especialista em inovação do IEL Ceará, Fábio Braga, a missão foi um divisor de águas para os empresários participantes. Com os olhos voltados para o futuro, a moda cearense ganha mais fôlego e inspiração para trilhar seu próprio caminho de inovação e crescimento sustentável. “Eles voltam com novos horizontes, ideias aplicáveis e um senso de urgência para transformar suas empresas. O IEL Ceará vai seguir acompanhando essa trajetória, com capacitações, projetos de inovação e conexões estratégicas que transformem esse aprendizado em ação concreta”, assegura.

O Moda Avante é um programa inovador lançado pelo IEL Ceará em parceria com o Sebrae/CE, Sindroupas e Sindconfecções, com o objetivo de impulsionar a moda cearense por meio da inovação e da sustentabilidade. A iniciativa visa preparar as empresas do setor para um mercado mais competitivo, promovendo qualificação, troca de experiências e desenvolvimento de soluções estratégicas.

Com uma abordagem focada na criação de uma cultura de inovação, o programa propõe um roadmap setorial e um modelo de inovação aberta para fortalecer toda a cadeia produtiva. As ações incluem workshops, consultorias e eventos de benchmarking, capacitando empresários a renovarem suas práticas de gestão e consolidarem suas marcas.

O projeto foi lançado em novembro de 2024 e segue ao longo de 2025 com um grupo piloto de 14 empresas, que servirão de modelo para a transformação do setor. A expectativa é que, ao final do ciclo, as marcas participantes estejam mais preparadas para os desafios do mercado global, garantindo crescimento sustentável e inovação contínua.

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