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Renda de Filé de Jaguaribe é a quinta certificação de Indicação Geográfica conquistada pelo Ceará

Concedida pelo INPI, a IG é um reconhecimento à qualidade dos produtos e à produção do estado
Por Com informações do INPI
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O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) publicou na última terça-feira (12), na Revista da Propriedade Industrial, o reconhecimento da Indicação Geográfica (IG) para o município de Jaguaribe como produtor de peças artesanais em renda filé. A certificação, na categoria Indicação de Procedência (IP), é a quinta conquistada pelo Ceará.

A última havia sido a do algodão agroecológico dos Inhamuns, reconhecida no final de outubro. Além delas, também possuem certificação de Indicação Geográfica, as Redes do município de Jaguaruana; o Camarão Costa Negra, da região de Acaraú, Cruz e Itarema e a Cachaça de Viçosa do Ceará. Ao todo, no país, existem 132 IGs reconhecidas pelo INPI, sendo 93 na categoria Indicação de Procedência (todas nacionais) e 39 no tipo Denominações de Origem (29 nacionais e 10 estrangeiras).

As IGs conquistadas pela Renda de Filé, Algodão do Inhamuns e Cachaça de Viçosa fazem parte de um trabalho desenvolvido pelo Sebrae/CE, visando ajudar os produtores locais a obterem a certificação. Além destas três, a iniciativa também beneficia os produtores de Mel de Aroeira, dos Inhamuns; do Queijo Coalho, do Jaguaribe; da Fibra do Croá, de Pindoguaba em Tianguá; do artesanato em cerâmica, de Alegria em Ipu; do Café, do Maciço de Baturité; da Renda de Bilro, do Aquiraz e das Facas de Potengi.

Para o analista da Unidade Competitividade dos Negócios e gestor de agronegócio do Sebrae/CE, Germano Parente Bluhm, além de um reconhecimento à origem e qualidade dos produtos, a conquista destas certificações de Indicação Geográfica também contribui para um aumento do valor de mercado destes produtos certificados.

Além disso, segundo ele, a certificação também pode ajudar a fortalecer o turismo da região e criar um ambiente de governança e valorização do território mais bem estabelecido. “As pessoas começam a se interessar mais pelo território e pelo produto, para saber por que aquilo existe naquele local. Por isso o Sebrae/CE tem apostado em uma boa seleção de produtos para valorizar as comunidades, porque a Indicação Geográfica tem um impacto sociocultural muito importante”, indica.

“Em todos esses ambientes o Sebrae conta com a parceria das associações produtivas e do poder público local, criando um ambiente favorável que fortaleça essas indicações. O objetivo é continuar lançando outras proposições, para que o estado seja uma referência”, destaca Germano.

Renda de Jaguaribe

Com base na documentação apresentada ao INPI pela Associação Renda Filé de Jaguaribe, foi demonstrado que o município cearense é reconhecido pela produção de peças artesanais exclusivamente feitas em renda filé com características únicas de qualidade, beleza e durabilidade. Os vários modelos de peças são resultantes do saber-fazer típico das artesãs e artesãos ali residentes, destacando-se a técnica tradicional de produção culturalmente transmitida de geração a geração.

O município de Jaguaribe enaltece o saber fazer de mulheres e homens, constando na entrada dessa localidade um letreiro convidativo em que está escrito que lá possui a mais bela renda filé. Ela se tornou uma “marca” da cidade, sendo 19 de março o Dia da Renda Filé no município, por determinação de lei em 2022. Por fim, as peças artesanais em renda filé são destaque no Ceará e uma das mais apreciadas no Brasil e no exterior. Os produtos ganharam realce em feiras no país, desfiles de moda e podem ser vistas em figurinos de novelas e filmes.

Características

A prática de tecer foi iniciada na confecção de telas de pesca, mas aos poucos foi direcionada para os bordados em renda filé. Hoje é comum famílias inteiras sentarem-se nas calçadas de suas casas e dividirem uma tela entre si para produzir peças em uma sintonia admirável, voltadas para aumentar a renda mensal. Por isso, as peças produzidas podem ser aplicadas em artigos de cama, mesa e banho, tais como toalhas de mesa, almofadas e cortinas, artigos do vestuário, variando de vestimentas a brincos e turbantes, entre outros.

As linhas usadas na confecção das peças, geralmente de formas leves e delicadas, devem ser em 100% algodão ou contendo no máximo 15% de poliéster. Após a confecção da malha que servirá como base ser bem esticada, é feita a marcação do bordado que pode variar de acordo com o tamanho da peça. O bordado escolhido é preenchido com pontos e cores selecionados e elaborados pela experiência dos artesãos.

Alguns dos pontos tradicionais são: Cerzido, Palhetão, Ponto 8, Corrente, Espinha de peixe, Rosa Pião e Fuxico. O acabamento da peça é feito mergulhando-a em uma solução de cola branca ou um “grude” à base de amido de milho ou fécula de mandioca, preparado especialmente para essa fase. Após a retirada do excesso de grude da peça, ela é colocada para secar em local limpo e seco, sob temperatura ambiente.