Assim como outros estados nordestinos, o Ceará depara-se com enormes desafios quanto à concentração de renda, ao acesso insuficiente a recursos de diversas naturezas, e à desigualdade de oportunidades de desenvolvimento das regiões.
Apesar da força e dos resultados das atividades ligadas ao agronegócio, os territórios rurais ainda ficam à margem do crescimento econômico, diferentemente dos urbanos. Nesse sentido, torna-se premente a transformação da realidade socioeconômica das áreas agrárias.
No âmbito governamental, faz-se fundamental a implementação de políticas públicas adequadas, que estimulem o potencial deste importante segmento produtivo, visando potencializar sua participação econômica, bem como a qualidade de vida dos produtores rurais.
Sob o aspecto socioeconômico, esta transformação envolve o fortalecimento de atividades sustentáveis, geradoras de trabalho e renda de forma contínua, baseadas nos ecossistemas produtivos locais e com capacidade de conectar o campo com a dinâmica mercadológica. Para isso, é preciso desenvolver programas de incentivo à formalização, de formação profissional, educação de qualidade e cultura empreendedora no meio rural, bem como de estímulo à organização dos produtores em cooperativas.
Essa conjuntura ajudará a equacionar questões de superestrutura e de capacidade produtiva, decisivas a um ambiente em que se constitua a classe média rural, ou seja, uma categoria social com faixa de renda suficiente para suprir suas necessidades básicas, nível informacional mais elevado e papel de relevância e protagonismo na condução da vida social no meio rural, além de estimular a inserção dos jovens nas atividades agropecuárias e em atividades correlatas como o turismo rural, o artesanato e a agroindústria.
Construir, efetivamente, essa classe média rural no Ceará representa um caminho que pode ajudar na redução das desigualdades entre pessoas e territórios no estado. Ao proporcionar oportunidades para que empreendedores e trabalhadores rurais melhorem suas condições de vida, trabalho e renda, vislumbra-se a possibilidade de alcançarmos um desenvolvimento e um crescimento mais equitativo e inclusivo, contribuindo para um Ceará socialmente justo, economicamente diversificado e com desenvolvimento duradouro.
Joaquim Cartaxo – arquiteto urbanista e superintendente do Sebrae/CE