O reconhecimento foi confirmado nesta terça-feira, 14/19, pelo INPI- Instituto Nacional da Propriedade Industrial do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, responsável pela certificação da IG: Indicação Geográfica que é uma espécie de selo de qualidade que reconhece produtos com características únicas ligadas à sua origem geográfica. No caso, o produto reconhecido é o artesanato feito com a fibra da planta chamada croá, e a região definida para o reconhecimento é a localidade de Pindoguaba, no município de Tianguá. Com esse registro, o INPI chega a 155 IGs reconhecidas, sendo 114 IPs (113 nacionais e 1 estrangeira) e 41 Denominações de Origem – DOs (31 nacionais e 10 estrangeiras).
Para aprovar a certificação, o INPI solicitou documentos que comprovassem a notoriedade e fama do artesanato da fibra do croá na região de Pindoguaba. A planta croá (nome científico Neoglaziovia variegata), também conhecida como gravatá, gravá, caruá, croatá, caraguatá e coroatá, é um tipo de bromélia de poucas folhas, com flores vermelhas ou rosadas. Seu nome vem da palavra em tupi kara wã, que significa talo com espinho. É uma planta resistente e típica das áreas de Caatinga. As folhas do caroá fornecem fibras resistentes utilizadas na confecção de barbantes, linhas de pesca, tecidos, cestos, esteiras e chapéus, além de outras peças artesanais e decorativas.
HISTÓRICO

Nos anos de 1880, quando chegaram os primeiros moradores na comunidade de Palmeirinha (atual Pindoguaba), o croá, à época conhecido pelos populares como imbira, já começava a ser trabalhado, principalmente nas construções das casas de pau a pique (taipa de mão), substituindo o cipó nas amarrações das tramas de madeira para preenchimento com barro.
Posteriormente, passou a ser usada para fazer cordas, cabrestos e peias (utilizada na técnica de piar o jumento, que consiste em prender paralelamente uma extremidade da corda em uma pata dianteira e a outra em uma traseira objetivando limitar seus movimentos) para animais, mantas, redes etc. Entre os anos 1940 e 1970, o croá foi muito explorado, sendo instalada na cidade de Tianguá uma “mini indústria” denominada de fábrica do caroá, destino dos feixes de folhas de croá extraídos pelos populares e comercializados para indústria de beneficiamento.
Com o aumento na demanda pela planta, eis que surge dona Maria Joana Silva, como uma das pioneiras na comercialização das cordas trançadas com a fibra oriunda do croá, passando a comprar a produção das pessoas da comunidade e vender nas feiras da região, principalmente em Tianguá e Viçosa do Ceará. Foi então, que nessa mesma época foi inventado o carretel, uma pequena máquina de produção artesanal que fazia com que a produção das cordas fossem mais rápida.
Durante quarenta anos o croá foi a segunda maior fonte de renda da comunidade de Pindoguaba, perdendo apenas para a agricultura.
Nos inícios dos anos 80, surgem no mercado outros tipos de fibras, fazendo com que a exploração do croá fosse diminuindo e, posteriormente, deixando de ser trabalhado e ficando esquecido por muito tempo.
A IMPORTÂNCIA DO SEBRAE/CE
Segundo o gestor do Agronegócio do Sebrae/CE e também responsável pelos processos de indicações geográficas da instituição no Estado, Germano Parente, a conquista da sétima IG foi um trabalho coletivo a longo prazo.
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