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Cordel: Oralidade, Educação e Economia

Artigo do superintendente do Sebrae/CE Joaquim Cartaxo, destaca importância do cordel para a cultura brasileira
Por Joaquim Cartaxo
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Poética popular originada no Nordeste do Brasil, a literatura de cordel ocupa uma posição relevante no cenário cultural e literário do país. Está intimamente conectada com a identidade e a herança cultural do povo brasileiro.

Essa arte literária propicia o relacionamento intra e intergeracional, bem como contribui para a preservação das tradições que moldaram a história nacional, pois seu conteúdo contempla temas como mitos, lendas, histórias de valentia, amor, justiça, política e religião, que representam o cotidiano e os anseios das comunidades nordestinas e de outras regiões do país.

Impressos em papel simples e vendidos a preços acessíveis, os folhetos de cordel proporcionam o acesso ao meio literário e a valorização da leitura a pessoas de diferentes camadas sociais e níveis de educação, circunstância de suma magnitude em um país como o Brasil, onde a desigualdade social e a escassez de recursos educacionais ainda são desafios a serem superados.

Chamados de cordelistas, os poetas que escrevem os folhetos de cordel utilizam uma variedade de técnicas como rimas, aliterações, trocadilhos e metáforas para criar as histórias. Alguns utilizam ilustrações para dar vida aos poemas.

As narrativas poéticas em folhetos de baixo custo permitem a diferentes camadas da população brasileira, sem condições de acesso a livros formais ou bibliotecas, vivenciar a arte literária por meio da leitura.

O cordel também possui um papel importante na preservação da tradição oral, forma milenar de manter e transmitir conhecimentos, histórias e cultura de uma geração para outra. Ao ser declamado em feiras, praças e eventos culturais, ele mantém viva e estimula essa tradição, reforçando o valor da comunicação interpessoal.

Além da questão cultural, o cordel também tem importante componente econômico. Eventos como as feiras de cordel, as cantorias e as exposições de folhetos atraem turistas e fomentam a economia local, tornando-se uma significativa fonte de renda para os artesãos, escritores e artistas envolvidos.

Por certo, ao reconhecermos a autenticidade, acessibilidade e diversidade da literatura de cordel, estamos salvaguardando a rica tradição cultural brasileira, motivando a leitura e promovendo a educação para todos os cidadãos, consolidando o Brasil como um país multicultural e literariamente enriquecedor.

Joaquim Cartaxo – arquiteto urbanista e superintendente do Sebrae/CE