
Em São Gonçalo do Amarante, na Região Metropolitana de Fortaleza, duas instituições que fazem um trabalho de apoio e acolhimento às mães de filhos atípicos e que sofreram atos de violência doméstica, receberam o apoio do Sebrae/CE e ArcelorMittal, com a criação de uma nova trilha de capacitação para oferecer uma opção profissional a cada uma.As mulheres eram atendidas pela AMAI (Associação de Mães Atípicas e Inclusão) e a Casa da Mulher Gonçalense, que atuam justamente no suporte a vítimas de violência doméstica e filhos atípicos. Depois que Cláudia Jane, analista do Escritório do Sebrae/CE na Região Metropolitana, conheceu as duas instituições, começou a pensar numa parceria com a ArcelorMittal, para garantir a continuidade do trabalho que as duas casas já faziam no município.
Após muito trabalho, conversa e aplicação de pesquisa junto às mulheres a serem atendidas, todos optaram por criar uma trilha visando oferecer formação em gestão e capacitações socioprofissionais adequadas às necessidades e às realidades dessas mulheres; além de fortalecer os espaços de apoio que já recebiam da AMAI e da Casa da Mulher Gonçalense.
A ideia foi estimular a troca de experiências e o fortalecimento das redes de contato entre essas mulheres e parceiros envolvidos de forma a incentivar a autonomia financeira e a independência emocional de todas elas.
TRÊS ETAPAS
Foi então criada uma programação formada por 3 etapas: 1ª etapa: ações que visavam a capacitação gerencial dessas mulheres; 2ª etapa: ações de qualificação técnica: com cursos de design de sobrancelha e técnicas básicas de manicure e pedicure; 3ª etapa: ações de crédito.

Cláudia Jane, analista idealizadora da ação, comenta que quando da realização da aula inaugural, todos viveram momentos de troca e integração. Muitas mulheres possuíam medida protetiva e enxergaram a trilha como uma oportunidade de recomeço.Um fator importante foi a forma como todos se uniram para oferecer ações de forma a assegurar a presença das mulheres em sala de aula, como ofertando lanche e espaço kids para as mãezinhas que não tinham com quem deixar seus filhos.
Mas, como o perfil tratava de crianças neurodivergentes, que não podiam ter sua rotina quebrada, logo no primeiro dia o grupo enfrentou um problema com uma criança que gritava muito, querendo ir embora, mas depois aceitou ficar e acabou dormindo no colo da mãe.
Para solucionar a dificuldade como essa, muita empatia e colaboração. As aulas passaram a ser ministradas com as luzes apagadas e todos falando bem baixinho, com cuidado para não acordar as crianças. Tanta colaboração emocionou Claúdia Jane que testemunhou: “É minha primeira ação com um público sub representado e posso dizer, que está sendo uma das melhores experiências em meus 13 anos de Sebrae/CE”, explicou.
Ao todo, são 34 mulheres beneficiadas, em duas turmas: pela manhã e à tarde. Foram dois meses de atividade e o encerramento aconteceu no último sábado, 29 de novembro.
Com o fim da capacitação, Claúdia Jane conta que foi uma troca e uma interação perfeitas, com um resultado surpreendente.
– Realizamos o encerramento da Trilha e uma das alunas, que nunca havia trabalhado como manicure, já tinha uma cliente agendada para o sábado à tarde. E já era o terceiro atendimento dela como manicure, profissão que ela só conseguiu se capacitar após participar da Trilha da Resiliência. E várias outras alunas já estão empreendendo na área. Isso é motivo de muito orgulho, pois vemos o nosso propósito se consolidando: vidas sendo transformadas por meio do empreendedorismo”, resumiu, emocionada.

Presente à solenidade, Pedro Silva, articulador do Escritório do Sebrae na Região Metropolitana de Fortaleza, que avaliou como muito positiva a experiência resultado, mais uma vez, da parceria com a ArcelorMittal. Ouvindo os depoimentos, todas foram unânimes em dizer que estão mais capacitadas e em melhor condições para atender suas clientes e expandir a clientela.
