Fortaleza, a quarta cidade mais populosa do país, com mais de 2,5 milhões de habitantes, possui PIB de R$ 73,4 bilhões, o maior do nordeste, dos quais 85% são gerados pelo setor terciário. O poder de influência da capital cearense, como metrópole regional, alcança 630 cidades brasileiras e beneficia mais de 20 milhões de pessoas. Por outro lado, há uma incidência de 43% da sua população no mapa de pobreza e desigualdade conforme dados do IBGE (2018, 2023 e 2024).
Por certo, tais números impelem-nos a refletir quão grandes são os desafios socioeconômicos enfrentados por nossa capital. Um deles é a implementação de uma política de planejamento e gestão do desenvolvimento que leve em conta também esse poder de influência. Traduzi-la em ações implica alguns aspectos relevantes: avaliação dos fatores de produção (capital social, humano e financeiro, potencialidades, conhecimento e informação); identificação da movimentação dos sujeitos políticos e sociais; e superação dos entraves ao desenvolvimento.
Como contribuição ao diálogo público, perante esse contexto, sugiro a elaboração de um programa de desenvolvimento urbano, operado por meio de um contrato de governança entre instituições públicas, empresariais e do terceiro setor, com a participação ativa da sociedade fortalezense.
Dentre as possibilidades de ação para tal, apresento três ideias: 1) intensificar a participação de Fortaleza na Rede de Cidades Criativas da Unesco, com um programa de economia criativa no âmbito da cooperação internacional entre cidades e da implementação da Agenda 2030; 2) constituir um pacto pela mobilidade urbana, voltado à estruturação urbanística e mobilização socioeconômica, que integre o centro antigo e as centralidades urbanas de Fortaleza, onde se concentram mais de 90% das atividades socioeconômicas da cidade; 3) avançar com a prática do ecourbanismo, a partir dos ativos culturais e socioeconômicos da metrópole, envolvendo a comunidade na formulação e deliberação das formas de habitar os espaços, trabalhar as oportunidades, praticar o lazer e consumir o entretenimento público.
Considerando as contradições e complexidades culturais, sociais e políticas da metropolização, essas ações podem contribuir para uma Fortaleza criativa e sustentável.
Joaquim Cartaxo – arquiteto urbanista e superintendente do Sebrae/CE