Considerada de suma importância por ser a atividade de sobrevivência, principalmente nos anos de seca, a produção do mel da aroeira é mais que um complemento financeiro para os apicultores dos Inhamuns. É a possibilidade de sobrevivência ao mesmo tempo em que ajuda na preservação e proteção da natureza. Formada pelos municípios de Aiuaba, Arneiroz, Parambu, Quiterianópolis e Tauá, os Inhamuns têm, normalmente, suas atividades ligadas à agricultura, na qual destaca-se a produção do mel de aroeira. As condições ambientais proporcionam o desenvolvimento da florada da árvore de aroeira que propicia flores às abelhas quando a caatinga se apresenta com baixa quantidade de outras flores disponíveis.
A aroeira, portanto, fica disponível para a produção de mel, o que permite aos produtores a preservação ambiental e a alta produtividade do produto com sua qualidade peculiar.
Embora os Inhamuns seja um território grande, a população não acompanha a mesma dinâmica. A maior parte vive no campo, ainda baseado em costumes tradicionais e formas bastante rudimentares de vida: criam gado, caprinos, ovinos e galinha. Plantam culturas de primeira necessidade como milho, feijão, hortaliças e mandioca que são comercializadas nas feiras. O comércio incipiente, exceto em Tauá, é movimentado por essa população rural que vende e compra mercadorias para suprir as demandas do seu cotidiano.
O título de grande produtora de mel está ligado às características edafoclimática que permite aos Inhamuns uma capacidade bastante interessante para , com esse produto, promover o sustento de várias famílias ligadas à atividade da apícola, e fortalecer uma cadeia produtiva que movimenta a região. Os municípios exportam para várias partes do Brasil e do mundo, deixando assim, os Inhamuns conhecidos popularmente pelo mel de aroeira.
AVANÇO
O trabalho com o mel, que já existia desde a segunda metade do século XX, trazia em seu bojo o avanço que viria a se desdobrar nos anos 2000, através de investimentos em programas que alavancaram a produção de mel. Além da introdução de abelhas mais produtivas, as aficanas, ainda mais resistentes e adaptáveis ao clima semiárido, como é o caso dos Inhamuns, tornando ainda mais forte diante das condições naturais presentes.
Os apicultores, então, foram se reorganizando para aproveitar essas potencialidades e fortalecer essa atividade dos Inhamuns. O mel de aroeira faz parte da história dos Inhamuns e sempre foi cultivado pelos seus apicultores . Um apicultor relatou, em entrevista, que o mel de aroeira existiu todo tempo.
“-Agora eu vim perceber o que era o mel de aroeira em 1970 para cá, pouco mais de 50 anos, antes disso eu achava que aroeira precisava de uma grande quadra chuvosa para frutificar o mel. Quando em 1970, tinha lá entre 17 anos, eu fui observar como uma seca tão grande, trabalhando em período de emergência na BR 020, e observei que lá onde nós estávamos, se encontravam tantas abelhas com grandes favos de mel, mesmo com a seca terrível. Quando olhei para as árvores, já em 2001, é que fui fazer o curso básico de apicultura, foi que eu fui saber que a aroeira é uma planta de sequeiro”, conta o apicultor Antonino do Melo, produtor e vendedor de mel em Tauá, Ceará.
Toda a vida deste trabalhador, seu Antônio Melo, 72 anos, com o mel de aroeira foi marcante, embora não fosse essa a sua principal atividade, sistematicamente. A atividade superimportante para a população dos Inhamuns foi sendo desenvolvida e aprimorada desde aqueles anos 2000, tornando-se hoje fundamental para a vida da população do semiárido cearense.
A IMPORTÂNCIA DA IG
A luta dos Inhamuns para obter a sonhada certificação IG-de Indicação Geográfica, resulta da tendência dos consumidores em valorizar a origem dos produtos e serviços que consomem. Existem muitas ferramentas de proteção e de promoção da origem, e a mais eficiente e reconhecida mundialmente é a Indicação Geográfica (IG).
A IG é um nome, ou um termo, que se refere a um local geográfico particular. É usada para identificar produtos que têm qualidade e reputação únicas devido à sua origem geográfica. Os consumidores podem associar a origem à qualidade do produto, e como resultado, este pode conseguir uma maior valorização em relação aos produtos concorrentes.
As IGs pertencem exclusivamente aos produtores de um determinado território, sendo gerenciada pela organização que os representa. Essa é uma das características importantes das IGs porque, para administrar toda a estrutura necessária para reconhecê-la e monitorá-la, os produtores precisam unir esforços e trabalhar em conjunto por um objetivo comum. Na realidade, o processo de reconhecimento da IG funciona como um incentivo poderoso para todos investirem em qualidade, estratégias de marketing e comercialização.