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Mais do que beber

Artigo do superintendente do Sebrae/CE, Joaquim Cartaxo, aborda a relação sociocultural entre os bares e restaurantes e o espaço urbano
Por Joaquim Cartaxo
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Originariamente, as cidades surgiram para facilitar relações de troca, transações e propiciar liberdade. Há mais de oito séculos, o adágio alemão “o ar das cidades liberta” simbolizava o movimento das pessoas que deixavam o campo em busca de liberdade e cultura nas cidades. Movimento instigado pelo ideário da Idade Moderna em que o “progresso” se contrapunha às “trevas” da Idade Média feudal. Liberdade e diversidade são necessidades fundamentais da cultura e circunstâncias urbanas acima de tudo. Logo, a cidade reúne as condições de supri-las ao possuir as condições de ser o lugar da cultura. É um artefato composto por lugares com forma e conteúdo simbólicos.

Vive-se no meio citadino movido por circunstâncias tocantes à cooperação e conflito, organização e aleatoriedade que caracterizam as atividades cotidianas relativas ao trabalho, lazer, habitar e circular. Estas atividades se realizam nos edifícios (a arquitetura) que delimitam territórios no meio urbano (a cidade). Tais conformações estabelecem ambientes públicos e privados, assim como os semipúblicos e semiprivados denominados de espaços intermediários que conectam a cidade e a arquitetura, proporcionando a ocorrência de atividades de transição e permanência no contexto urbano.

Dentre estes espaços, ressalte-se os bares e restaurantes. Estabelecimentos localizados das megalópoles às pequenas cidades, dos mega shopping centers à esquina ou rua comercial de um centro antigo. Eles apresentam significados socioculturais que os revelam nas centralidades urbanas, não importando porte ou tipologia dos mesmos.

Ao modo de cada um, esses negócios diferenciam-se para moradores e visitantes da cidade, pela denominação, ora pela oferta de produtos e serviços gastronômicos, musicais, etílicos, temáticos. Ou pela idiossincrasia do dono ou do garçom que atende à freguesia ou mesmo pela sua arquitetura. Mais do que lugares onde as pessoas vão beber e comer, são ambientes culturais que correlacionam as pessoas e a cidade por meio de encontros premeditados ou não.

Joaquim Cartaxo – arquiteto urbanista e superintendente do Sebrae/CE